sexta-feira, 25 de julho de 2008

PESSOAS SÃO PRESENTES

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos, considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por um rádio e, ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local.
Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido aos traumatismos e à perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas, como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o sangue preciso. Reuniram as crianças e, entre gesticulações, arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo e que precisavam de um voluntário para doar o sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas, ao lado da menina agonizante, e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto.
Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas ininterrupto. Era evidente que alguma coisa estava errada.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng.
Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas e o rostinho do menino foi se aliviando. Minutos depois ele estava novamente tranqüilo.
A enfermeira então explicou aos americanos: - Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter que dar todo o seu sangue para a menina não morrer.

O médico se aproximou dele e, com a ajuda da enfermeira, perguntou: - Mas, se era assim, porque então você se ofereceu a doar sangue?
E o menino respondeu simplesmente: - Ela é minha amiga...