segunda-feira, 21 de julho de 2008

ONDE ESTÁ SEU IRMÃO?

Encontrei um menor na rua, sem camisa, costas nuas, sem sapatos, pés no chão sujos como a mente de tanta gente que se conforma com a situação:

- Menino, onde está seu irmão?

Encontrei um velho maltrapilho, sem bengala, sem o filho, sem amparo no mundo cão, perguntei-lhe de repente por que tanta gente se conforma com a situação:

- Velho, onde está seu irmão?

Encontrei uma mãe solteira encaminhando-se para uma fileira que terminava na prostituição acomodados na triste sina que se conformavam com a situação:

- Mãe solteira, onde está seu irmão?

Encontrei um migrante e um patrício, chegados a pouco numa procura que não há quem não canse. Encontrei um louco, sem hospital, sem hospício. Todos sem chance, um aleijado com ofício, e um cego vendo com a mão. Perguntei sem conformar com a situação:

- Ei, onde estão seus irmãos?

Encontrei um sem teto E filho sem colchão, mãe sem afeto e mesa sem pão.

- Ei, onde estão seus irmãos?

Encontrei um ex-prisioneiro marcado pelo erro que cometeu.
Encontrei um macumbeiro fazendo despacho para ateu.
Encontrei um excepcional sem centro de recuperação.
Encontrei um homem de quarenta anos vetado na profissão:

- Ei, onde estão seus irmãos?

Irmãos?

Ou pelo menos um irmão, cadê o próximo?

Procurei e fiquei vermelho com o susto que me ocorreu...
Pois ao ver-me no espelho vi que o irmão era eu!

Rivalcir Liberato