sexta-feira, 25 de julho de 2008

EXPLICANDO

Sentados num galho de árvore, o macaco e a macaca contemplavam o pôr-do-sol. Em determinado momento, ela perguntou: "O que faz com que o céu mude de cor na hora em que o Sol atinge o horizonte?” “Se quisermos explicar tudo, deixamos de viver", respondeu o macaco. "Fique quieta, vamos deixar o nosso coração alegre com este entardecer romântico.” A macaca enfureceu-se: "Você é primitivo e supersticioso. Já não dá mais atenção à lógica e só quer saber é de aproveitar a vida". Neste momento, passava uma centopéia. “Centopéia!", gritou o macaco. "Como é que você faz para mover tantas patas em perfeita harmonia?” “Nunca pensei nisso!", foi a resposta. “Então pense! Minha mulher gostaria de uma explicação!” A centopéia olhou para suas patas e começou: "Bem... eu flexiono este músculo... não, não é bem isso, eu tenho que jogar meu corpo por aqui...". Durante meia hora, tentou explicar como movia suas patas e, à medida que tentava, ia confundindo-se cada vez mais. Quando quis continuar seu caminho, já não podia mais andar. “Está vendo o que você fez?", gritou, desesperada. "Na ânsia de descobrir como funciono, perdi os movimentos!” “Está vendo o que acontece com quem deseja explicar tudo?", disse o macaco, voltando a assistir o pôr-do-sol em silêncio.

Extraído do livro Maktub - Paulo Coelho

O MENINO E A RAPOSA

Um menino de cinco anos de idade morava sozinho com seu pai. Ele tinha uma raposa que era seu bicho de estimação e seu maior amigo.

O pai do garoto ouvia com muita freqüência as críticas de seus vizinhos por ter tal bicho em casa. Diziam eles:

- Você não devia deixar o seu filho sozinho com uma raposa. Raposas são animais traiçoeiros.

Todos os dias a tarde, quando chegava do serviço, o pai era recebido no portão pelo garoto e pela raposa.

Mas um dia só a raposa, toda feliz, foi esperá-lo.
Ao vê-la sozinha e com a boca suja de sangue, o pai ficou apavorado e imediatamente matou a raposa.

Correu para dentro de casa e deparou com seu filho dormindo tranqüilamente na cama. Ao lado da cama estava uma enorme cobra morta.

Moral da história: Pior do que não confiar é confiar desconfiando. Nestes casos a chances de se cometer injustiças são grandes.

O VERDADEIRO PODER

Era uma vez um guerreiro, famoso por sua invencibilidade na guerra. Era um homem extremamente cruel e, por isso, temido por todos. Quando ele se aproximava de uma aldeia, os moradores saiam correndo para as montanhas, onde se escondiam do malvado guerreiro. Subjugou muitas aldeias.

Certo dia, alguém viu ele se aproximar com seu exército de uma pequena aldeia, onde viviam alguns agricultores e entre eles um velhinho, muito sábio.
Quando o pessoal escutou a terrível notícia da aproximação do guerreiro, tratou de juntar o que podia e fugir rapidamente para as montanhas. Só o velhinho ficou para trás. Ele já não podia fugir. O guerreiro entrou na aldeia e foi cruel, incendiando as casas e matando alguns animais soltos pelas ruas.
Até que chegou à casa do velhinho. O velhinho, quando o viu se assustou. E sem piedade, foi dizendo ao velhinho que seus dias haviam chegado ao fim. Mas, que lhe concederia um último desejo, antes de passá-lo pelo fio de sua espada. O velhinho pensou um pouco e pediu que o guerreiro fosse com ele até o bosque e ali lhe cortasse um galho de uma árvore.
O guerreiro achou aquilo uma besteira. -"Esse velho deve estar gagá. Que último desejo mais besta." Mas, se esse era o último desejo do velhinho, havia que atendê-lo. E lá foi o guerreiro até o bosque e com um golpe de sua espada, cortou um galho de uma árvore.-" Muito bem" disse o velhinho.
-"O senhor cortou o galho da árvore. Agora, por favor, coloque esse galho na árvore outra vez." O guerreiro deu uma grande gargalhada, dizendo que esse velho deve estar louco, pois todo mundo sabe que isso já não é mais possível, colocar o galho cortado na árvore outra vez. O velhinho então lhe respondeu:
- "Louco é você que pensa que tem poder só porque destrói as coisas e mata as pessoas que encontra pela frente. Quem só sabe destruir e matar, esse não tem poder. Poder tem aquela pessoa que sabe juntar, que sabe unir o que foi separado, que faz reviver o que parece morto. Essa pessoa tem verdadeiro poder".

A TESE DO COELHO

Num dia lindo e ensolarado, o coelho saiu de sua toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois, passou por ali uma raposa, e viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar. No entanto, ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa: * Coelhinho, o que você está fazendo aí, tão concentrado?* Estou redigindo a minha tese de doutorado - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.* Hummmm... E qual é o tema da sua tese?* Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas. A raposa ficou indignada* Ora ! Isso é ridículo ! ! ! Nós é que somos os predadores dos coelhos!* Absolutamente ! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental. O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois, ouve-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois... Silêncio. Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez, retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois, passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda. O lobo resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:* Olá, jovem coelhinho! O que faz trabalhar tão arduamente?* Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.
O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.* Ah, ah, ah,ah ! ! ! Coelhinho, apetitoso coelhinho ! Isto é um despropósito. Nós, lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa . . . * Desculpe-me, mas se você quiser, eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?O lobo não consegue acreditar na sua sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois, ouve-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e . . . silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redação de sua tese, como se nada tivesse acontecido. Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme LEÃO, satisfeito, bem alimentado, a palitar os dentes.
MORAL DA ESTÓRIA:
1. Não importa quão absurdo é o tema de sua tese;
2. Não importa se ela não tem o mínimo fundamento científico;
3. Não importa se os seus experimentos nunca cheguem a provar sua teoria;
4. Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dosconceitos lógicos ...
5. O que importa é: QUEM É O TEU PADRINHO E TE PROTEGE...

PARE, POR FAVOR!

Um jovem e bem sucedido executivo dirigia pela vizinhança, correndo um pouco demais em seu novo Jaguar. Observando crianças se lançando entre os carros estacionados, diminuiu um pouco a velocidade, quando achou ter visto algo. Enquanto passava, nenhuma criança apareceu.
De repente um tijolo espatifou-se na porta lateral do Jaguar! Freou bruscamente e deu ré até o lugar de onde teria vindo o tijolo.
Saltou do carro e pegou bruscamente uma criança, empurrando-a contra um veículo estacionado e gritou:
-"Por que isso? Quem é você? Que besteira você pensa que está fazendo? Este é um carro novo e caro, aquele tijolo que você jogou vai me custar muito dinheiro. Por que você fez isto?”
- Por favor, senhor, me desculpe, eu não sabia mais o que fazer! Ninguém estava disposto a parar e me atender..." neste momento, lágrimas corriam do rosto do garoto, enquanto apontava na direção dos carros estacionados.
“Meu irmão desceu sem freio e caiu de sua cadeira de rodas e eu não consigo levantá-lo sozinho.
Soluçando, o menino perguntou ao executivo:
- O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira de rodas? Ele está machucado e é muito pesado para mim.
Movido internamente muito além das palavras, o jovem motorista, engolindo um "não mesmo" dirigiu-se ao jovenzinho, colocando-o em sua cadeira de rodas. Tirou seu lenço, limpou as feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem.
- Obrigado, e que Deus possa abençoá-lo. - A criança disse a ele.
O homem então viu o menino se distanciar, empurrando o irmão em direção à casa. Foi um longo caminho de volta para o Jaguar, um longo e lento caminho de volta. Ele nunca consertou a porta amassada. Deixou-a amassada para lembrá-lo de não ir tão rápido pela vida, que alguém tivesse que atirar um tijolo para obter a sua atenção.

SEDE NO DESERTO

Contam que certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Foi quando ele chegou a uma casinha velha - uma cabana desmoronando, sem janelas, sem teto, batida pelo tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico.
Olhando ao redor, viu uma bomba a alguns metros de distância, bem velha e enferrujada. Ele se arrastou até ali, agarrou a manivela, e começou a bombear sem parar. Nada aconteceu. Desapontado, caiu prostrado para trás e notou que ao lado da bomba havia uma garrafa.
Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu o seguinte recado: "Você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo. PS.: Faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir."
O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu em um dilema: Se bebesse aquela água poderia sobreviver, mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá no fundo do poço, toda a água que quisesse e poderia deixar a garrafa cheia pra próxima pessoa... Mas talvez isso não desse certo.
Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca e fria ou beber a água velha e salvar sua vida? Deveria perder toda a água que tinha na esperança daquelas instruções pouco confiáveis, escritas não se sabia quando?
Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... E a bomba começou a chiar. E nada aconteceu! E a bomba foi rangendo e chiando. Então surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo, e finalmente a água jorrou com abundância! A bomba velha e enferrujada fez jorrar muita, mas muita água fresca e cristalina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela até se fartar. Encheu-a outra vez para o próximo que por ali poderia passar, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota ao bilhete preso nela: "Creia-me, funciona! Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la de volta!"

BARULHO DE CARROÇA

Certa manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.


Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia

...Perguntei ao meu pai:

- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho.Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...

O PAI NÃO DESISTE

Havia um homem muito rico, que possuía muitos bens, uma grande fazenda, muito gado e vários empregados a seu serviço.
Tinha ele um único filho, um único herdeiro, que ao contrário do pai não gostava do trabalho, nem de compromissos. O que ele mais gostava era fazer festas e estar com seus amigos e de ser "bajulado" por eles.
Seu pai sempre o advertia, que seus amigos só estavam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhes oferecer, depois o abandonariam.
Os insistentes conselhos do pai, lhe retiniam aos seus ouvidos e logo se ausentavam, sem dar o mínimo de atenção.
Um dia, o velho pai, já avançado na idade disse aos seus empregados para construírem um pequeno celeiro e, dentro do celeiro ele mesmo fez uma forca e junto a ela uma placa com os dizeres: "PARA VOCÊ NUNCA MAIS DESPREZAR AS PALAVRAS DO SEU PAI".
Mais tarde, chamou o filho e o levou até o celeiro e disse: - Meu filho, eu já estou velho e, quando eu partir, você tomará conta de tudo o que é meu, e sei qual será o seu futuro... Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados, irá gastar todo o seu dinheiro com os amigos, irá vender os animais e os bens para se sustentar. E quando não tiver mais dinheiro, seus amigos vão se afastar de você. E quando você não tiver mais nada, vai se arrepender amargamente de não ter me dado ouvidos. E por isso, eu construí essa forca. Sim, ela é para você e quero que você me prometa que se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela!
O jovem riu, achou um absurdo mas, para não contrariar seu pai, prometeu e pensou que jamais isso pudesse acontecer.
O tempo passou, o pai morreu e seu filho tomou conta de tudo mas, assim como se havia previsto, o jovem gastou tudo, vendeu os bens, perdeu os amigos e a própria dignidade.
Desesperado e aflito, começou a refletir sobre sua vida e viu que havia sido um tolo, lembrou-se do seu pai e começou a chorar e dizer: - Ah, meu pai, se eu tivesse ouvido os teus conselhos... Mas agora é tarde, tarde demais...
Pesaroso, o jovem levantou os olhos e longe avistou o pequeno celeiro, era a única coisa que lhe restava.
A passos lentos, se dirigiu até lá e viu a forca e a placa empoeirada e disse: - Eu nunca segui as palavras do meu pai, não pude alegrá-lo enquanto estava vivo, mas pelo menos vou fazer a vontade dele, vou cumprir minha promessa, já que não me resta mais nada...
Então ele subiu nos degraus e colocou a corda no pescoço e disse: - Ah se eu tivesse uma nova chance...
Então pulou; sentiu por um instante a corda apertar sua garganta. Mas, o braço da forca era oco e quebrou-se facilmente.
O rapaz caiu no chão e sobre ele, caíram jóias, esmeraldas, pérolas, diamantes, rubis e muito ouro. A forca estava cheia de pedras preciosas e um bilhete que dizia: "ESSA É A SUA NOVA CHANCE, EU TE AMO MUITO! ASS: SEU PAI"

QUE LIÇÃO DE VIDA

Numa conferência, um consultor especialista em gestão do tempo tirou de baixo da mesa um frasco grande de boca larga. Colocou-o em cima da mesa,junto a uma bandeja com pedras do tamanho do punho, e perguntou:

· "Quantas pedras vocês acham que cabem neste frasco?"
Depois dos presentes fazerem suas conjecturas, começou a colocar as pedras até que encheu o frasco. Depois perguntou:

· "Está cheio?"

Todos olharam para o frasco e assentiram que sim.

Então, o consultor tirou debaixo da mesa um saco com gravilhão (pedrinhas pequenas, menores que a brita). Colocou parte do gravilhão dentro do frasco e o agitou. As pedrinhas penetraram pelos espaços que deixavam as pedras grandes. O consultor sorriu e repetiu:

· “Está cheio?"

A maioria falou que sim. Então, pousou na mesa um saco com areia e começou a despejar no frasco. A areia infiltrava-se nos pequenos buracos deixados pelas pedras e pela gravilha.
· "Está cheio?" perguntou de novo. Algumas pessoas exclamaram: "agora está!"
Então, o consultor pegou uma jarra de água e começou a derramar para dentro do frasco. O frasco absorvia a água sem transbordar.

· "Bom, o que acabamos de demonstrar?", indagou o consultor. Um ouvinte respondeu:
· "Que não importa o quão cheia esta a nossa agenda, se quisermos, sempre conseguimos fazer com que caibam mais coisas".

· "Não", concluiu o especialista. "o que esta lição nos ensina é que se não colocarmos as pedras grandes primeiro, nunca poderemos colocá-las depois... E quais são as grandes pedras da vida?

A pessoa amada, os nossos filhos, os amigos, os nossos sonhos e desejos, a nossa saúde. AMIGOS, Se as grandes pedras da vida são estas, então, lembrem-se: ponham-nas sempre em primeiro plano, o resto, encontrará o seu lugar.

O CÍNICO

Conta-se que um dia, Sócrates parou diante de uma tenda do mercado em que estavam expostas diversas mercadorias. Depois de algum tempo, ele exclamou: "Vejam quantas coisas o ateniense precisa pra viver!". Naturalmente ele queria dizer com isso que ele próprio não precisava de nada daquilo.

Esta postura de Sócrates foi o ponto de partida para a filosofia cínica, fundada em Atenas por Antístenes - um discípulo de Sócrates -, por volta de 400 a.C.

Os cínicos diziam que a verdadeira felicidade não depende de valores externos como o luxo, o poder político e a boa saúde. Para eles, a verdadeira felicidade consistia em se libertar dessas coisas casuais e efêmeras. E justamente porque a felicidade não estava nessas coisas ela podia ser alcançada por todos. E, uma vez alcançada, não podia mais ser perdida.

O cínico mais importante foi Diógenes, discípulo de Antístenes. Conta-se que ele vivia dentro de um barril e não possuía mais do que uma túnica, um cajado e um embornal de pão (Desse jeito não era nada fácil roubar dele sua felicidade!). Um dia, quando estava sentado ao sol junto de seu barril, recebeu a visita de Alexandre Magno. Alexandre aproximou-se do sábio, perguntou-lhe se ele tinha algum desejo e disse-lhe que, caso tivesse, seu desejo seria imediatamente satisfeito. Ao que Diógenes respondeu: "Sim, desejo que se afastes de frente do meu sol".

Com isso Diógenes mostrou que era mais rico e mais feliz que o grande conquistador. Ele tinha tudo o que desejava.

Os cínicos achavam que as pessoas não precisavam se preocupar com a saúde, nem mesmo com sofrimento e com a morte. E elas também não deveriam se atormentar com o sofrimento do outro. Hoje em dia, quando empregamos a palavra "cínico" e "cinismo" estamos nos referindo, na maioria das vezes, o apenas este aspecto: o da imprudência, da insensibilidade ao sentir e ao sofrer do outro.

"O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder"

CONSERTANDO O MUNDO

Um cientista muito preocupado com os problemas do mundo passava dias em seu laboratório, tentando encontrar meios de minorá-los. Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer o filho brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, procurou algo que pudesse distrair a criança. De repente, deparou-se com o mapa do mundo. Estava ali o que procurava. Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:

- Você gosta de quebra-cabeça? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está ele todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Mas faça tudo sozinho!
Pelos seus cálculos, a criança levaria dias para recompor o mapa. Passadas algumas horas, ouviu o filho chamando-o calmamente. A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa quem jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei à folha e vi que havia consertado o mundo!

MAUS PENSAMENTOS

O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa. Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado.

Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado: - Pai estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito comigo. Desejo tudo de ruim para ele.
Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta, calmamente, o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos; não aceito; gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.
O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado. Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou.
O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:
- Filho como esta se sentindo agora?
- Estou cansado mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa. O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. O pai, então, lhe diz ternamente:
- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você. O mau que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais quepossamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nos mesmos.

A ÁGUIA E A RENOVAÇÃO

A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie. Chega a viver 70 anos. Mas, para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.
Aos 40 anos está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil!
Então, a águia só tem duas alternativas: morrer... ou ... enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar.
Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo, sem contar à dor que irá ter que suportar.
Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar as suas velhas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver então mais 30 anos.
Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, e, outras tradições que nos causam dor. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz.

O VERDADEIRO LÍDER

Há muitos, muito anos, viveu um velho lobo do mar chamado Capitão Bravo.
Era um homem viril, que não temia os seus inimigos.
Uma vez, navegando pelos Sete Mares, um vigia avistou um navio pirata.
A tripulação ficou apreensiva.

O Capitão Bravo ordenou:
- Tragam-me a minha camisa vermelha!

O imediato trouxe-lhe imediatamente a camisa, e usando aquele estandarte,
ele conduziu os seus homens para a batalha e derrotou os piratas.
Mais tarde o vigia viu não um, mas dois navios piratas.

O capitão de novo ordenou que lhe trouxessem a camisa vermelha,
e dizimou os piratas.

Nessa noite, todos os homens se sentaram na coberta a
comentar os triunfos do dia, e um deles perguntou ao capitão:
- Capitão, porque é que sempre pediu a camisa vermelha
antes das batalhas?

- Se for ferido no ataque, a camisa não deixará ver o meu sangue,
e assim vocês continuarão a lutar sem medo!

Todos os homens ficaram em silêncio e admiraram a coragem do capitão.
Assim que o dia amanheceu, novamente o vigia avistou não um, nem dois,
mas dez navios piratas que se aproximavam. Toda a tripulação olhou
em silêncio para o capitão à espera do pedido habitual.

O Capitão Bravo varreu com os seus olhos de aço a vasta armada que
se dirigia em direção ao seu poderoso navio, e destemido,
voltou-se ordenando calmamente:

- Tragam-me as minhas calças castanhas!

A PAZ PERFEITA

Havia um rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita. Foram muitos os artistas que tentaram.

O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou e teve que escolher entre ambas.

A primeira era um lago muito tranqüilo. Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam umas plácidas montanhasque o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com tênue nuvens brancas. Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a paz perfeita.

A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação. Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forteaguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água. Tudo isto se revelava nada pacífico.

Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de uma fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho.
Paz perfeita.
Qual pensas que foi a pintura ganhadora?
O rei escolheu a segunda. Sabes por quê?

"Porque", explicou o rei: "paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor"."Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos no nosso coração"."Este é o verdadeiro significado da paz"

ASSUMINDO RISCOS

Há um conto popular muito antigo sobre uma moça chamada RONIA, que
gostava de um rapaz da vizinhança, apesar de suas famílias serem inimigas há muito
tempo.
As duas famílias viviam nos lados opostos de um abismo tão profundo, que
qualquer pessoa que tentasse pulá-lo e falhasse morreria na certa.
Por ser amigo de RONIA, o rapaz foi visitá-la na fortaleza de sua família.
Ao vê-lo, o pai da moça prendeu-o com intenção de usá-lo como refém para derrotar a outra família.
RONIA, então, ficou de pé à beira do abismo e preparou-se para pular. Se
conseguisse cruzar o abismo, seria feita prisioneira pela família do rapaz e os dois
estariam em iguais condições. Se não, tudo estaria perdido. Ela mergulharia para a
morte e seu amigo estaria à mercê de seu pai.
Ela precisava de toda a sua coragem. Se errasse, as conseqüências seriam
terríveis, mas esta era sua única chance.
E ela saltou para o outro lado!
RONIA sabia que existem ocasiões em que é preciso saltar. Aqueles que escolhem sempre o caminho mais seguro nunca atravessarão o abismo.
Ficarão de pé do lado errado.

Jan Carlzon em A hora da verdade.

CORAGEM

Diz uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato. Um mágico teve pena dele e o transformou em gato.

Mas aí ele ficou com medo do cão, por isso o
mágico o transformou em cão.

Então, ele começou a temer a pantera e o mágico
o transformou em pantera.

Foi quando ele se encheu de medo do caçador. A essas alturas, o mágico desistiu.
Transformou-o em camundongo novamente e disse:

“Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, por que
você tem a coragem de um camundongo”.

É preciso coragem para romper com o projeto
que nos é imposto. Mas saiba que coragem
não é a ausência do medo, e sim a capacidade
de avançar apesar do medo

Evandro Novaes da Mota.

AGIR VERSUS REAGIR

O colunista Sydney Harris conta uma história em que acompanhava um amigo à banca de jornal. O amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro. Pegando o jornal que foi atirado em sua direção, o amigo de Harris sorriu polidamente e desejou um bom fim de semana ao jornaleiro. Quando os dois amigos desceram pela rua, o colunista perguntou:

- Ele sempre te trata com tanta grosseria?

- Sim, infelizmente é sempre assim.

- E você é sempre tão polido e amigável com ele?

- Sim, sou.

- Por que você é tão educado, já que ele é tão inamistoso com você?

- Porque não quero que ele decida como eu devo agir.

A implicação desse diálogo é que a pessoa inteira é “seu próprio dono”, que não deve se curvar diante de qualquer vento que sopra. Não é o ambiente que a transforma, mas ela que transforma o ambiente. A pessoa inteira é um Ator e não um Reator.

Extraído do livro “Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? De John Powell.

A INOCÊNCIA

Uma menininha, diariamente, vai e volta andando para a sua escola. Apesar do mau tempo daquela manhã e de nuvens estarem se formando, ela fez seu caminho diário para a escola.

Com o passar do tempo, os ventos aumentaram e junto os raios e trovões. A mãe pensou que sua filhinha poderia ter muito medo no caminho de volta, pois ela mesma estava assustada com os raios e trovões.
Preocupada, a mãe rapidamente entrou em seu carro e dirigiu pelo caminho em direção à escola. Logo ela avistou sua filhinha andando, mas, a cada relâmpago, a criança parava, olhava para cima e sorria.

Outro e outro trovão e, após cada um, ela parava, olhava para cima e sorria! Finalmente, a menininha entrou no carro e a mãe curiosa foi logo perguntando:
-"O que você estava fazendo?"

A garotinha respondeu sorrindo:

- Deus não pára de tirar fotos minhas!

O DEVOTO

Vivia numa pequena cidade um homem muito devoto a
Deus. Sua fé era conhecida em toda região. Um dia houve
uma grande enchente e sua casa foi alagada. Ele subiu ao
telhado e ficou orando, aguardando a ajuda de Deus.
Seu vizinho percebendo o perigo estendeu-lhe a mão. Ele
não aceitou. Disse que aguardaria a ajuda de Deus. Seus
amigos vieram de barco socorrê-lo. Ele negou. Veio
finalmente o pessoal da defesa civil com um helicóptero para
resgatá-lo. Ele também recusou.
“Espero a ajuda de Deus”, confirmou mais uma vez.
A água subiu muito e o devoto morreu.
Ao chegar ao céu, furioso foi imediatamente questionar
Deus. Disse ele a Deus. “Estava aguardando a Sua
“ajuda e o Senhor me faltou”.
Deus então lhe respondeu:
“Meu querido filho, eu lhe estendi a mão, mandei um barco,
“e até um helicóptero para salvá-lo e você não aceitou”.

Queremos sempre que Deus nos fale através de milagres,
mas na maioria das vezes Ele nos fala através dos outros.
Precisamos aprender a perceber isto.

O MAIS IMPORTANTE

Conta a lenda que, há muitos anos atrás, um poderoso e rico monarca, demandado agora os caminhos da sabedoria, propôs aos seus súditos as três maiores interrogações de sua vida, prometendo enorme recompensa a quem viesse respondê-las.
Eram as seguintes:

1. Qual o momento mais importante na vida do homem?

2. Qual a pessoa mais importante?

3. Qual a tarefa mais importante a ser feita?

Então, após anos de penosa busca e mil e uma peripécias, o nosso herói acabou por se achar no topo de uma longínqua montanha, onde um velho e sábio ancião respondeu-lhe:

1. O mais importante é sempre o momento presente

2. A pessoa mais importante é a que está a nossa frente.

3. A tarefa mais importante é fazer esta pessoa feliz!

Jan Carzon em A hora da verdade

O PESCADOR DE CABO FRIO

Um senhor bem sucedido nos negócios demonstrava para um humilde pescador de Cabo Frio como melhorar na vida.

Explicava ele ao pescador:

O senhor deve sair todos os dias para pescar e no mínimo sair uma hora antes dos outros pescadores.

Mas para que? - Perguntou o pescador.
Assim o senhor pegará mais peixes, comprará outros barcos e contratará outros pescadores para trabalhar no seu negócio.

Mas para que? - Insistiu o pescador.
O senhor de negócio continuou demonstrando a sua estratégia que, segundo seus cálculos, logo tornaria o pescador um homem muito rico.

Mas para que? - Continuava perguntando o pescador.
O senhor ficando rico poderá morar num grande apartamento no Rio de Janeiro e ter uma casa de veraneio em Cabo Frio e poderá vir aos finais de semana descansar neste paraíso - Disse o senhor de negócio.


Mas eu já faço isso todos os dias - Completou o pescador.


Valmor Vieira

AMIZADE VERDADEIRA

Certa vez um soldado disse ao seu tenente:
- Meu amigo não voltou do campo de batalha, senhor, solicito permissão parair buscá-lo.
-Permissão negada, replicou o oficial. Não quero que arrisque a sua vida por um elemento que provavelmente está morto.
O soldado, ignorando a proibição, saiu, e uma hora mais tarde regressou, cego do olho esquerdo que fora vazado por uma baioneta inimiga e muito ferido, mas transportando o cadáver de seu amigo.
O oficial estava furioso:
- Já tinha dito que ele estava morto! Agora eu perdi dois homens no front! Diga-me,valeu a pena trazer um cadáver?
E o soldado respondeu:
- Claro que sim, senhor! Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e pôde me dizer:
“Tinha certeza que você viria!“

AZAR OU SORTE?!

Na China havia um garoto pobre que desejava muito um cavalo. Um dia o dono de uma cavalaria, sabendo do seu desejo, deu a ele um potrinho.
Um vizinho, tomando conhecimento do ocorrido, disse ao
pai do garoto: “Seu filho é de sorte” “Por quê?”, perguntou o pai. “Ora”, disse ele, “seu filho queria um cavalo e ele ganha um potrinho. Não é sorte?” “Pode ser sorte ou pode ser azar!”, comentou o pai.

Um dia o cavalo foge. O vizinho, chegando ao pai do garoto falou: “Seu filho é de azar” “Por quê?”, perguntou o pai. “Ora”, disse ele, “seu filho queria um cavalo e ele ganha um potrinho. Agora o animal que tanto ele gostava fugiu. Não é azar?” “Pode ser sorte ou pode ser azar!”, comentou o pai.

O tempo passa e um dia o cavalo volta com uma manada selvagem. O menino, agora um rapaz, consegue cercá-los e fica com todos eles. Observa o vizinho: “Seu filho é de sorte! Ganha um potrinho, cria, ele foge e volta com um bando de cavalos selvagens.” “Pode ser sorte ou pode ser azar”, respondeu novamente o pai.

Mais tarde, o rapaz estava treinado um dos cavalos, quando cai e
quebra a perna. Vem o vizinho. “Seu filho é de azar! O cavalo foge, volta com uma manada selvagem, o garoto vai treinar um deles e quebra a perna.” “Pode ser sorte ou azar” insiste o pai.

Dias depois, o reino onde moravam declara guerra ao reino vizinho. Todos os jovens são convocados, menos o rapaz que estava com a perna quebrada. O vizinho. “Seu filho é de sorte...”

Nunca defina as circunstâncias de sua vida como sendo de sorte ou azar, pois você pode estar enganado quanto ao seu julgamento, até porque, o mais importante é viver a vida de maneira que, as circunstâncias, lhe sejam favoráveis, seja quais forem. (Com.: Flávio Melo).

Lair Ribeiro.

ÁRVORE DOS PROBLEMAS

Eu tinha contratado um carpinteiro para ajudar-me a consertar um armário. O dia dele não tinha sido nada fácil: trabalhou duro, sua máquina de cortar madeira estragou, ele perdeu uma hora de trabalho e, na hora de sair, seu velho caminhão se negava a arrancar.

Levei-o para casa. Ele estava sentado ao meu lado. Não falou nada. Quando chegamos, convidou-me para conhecer sua família. Caminhando até a porta, ele parou um momentinho diante de uma pequena árvore e tocou-a, com suas mãos nas pontas dos galhos.

Quando se abriu a porta, aconteceu a transformação: a cara dele estava bem iluminada por um grande sorriso. Abraçou o filho e deu um beijo em sua esposa.
Mais tarde ele me acompanhou até o carro.
Quando passamos perto da árvore, fiquei curioso e lhe perguntei sobre o que tinha observado antes:

- Oh, esta é a minha árvore de problemas, respondeu ele. Sei que não tenho como evitar problemas no trabalho, mas de uma coisa eu sei: eles não pertence à minha casa nem à minha esposa, nem aos meus filhos. Por isso, eu simplesmente os penduro na árvore quando chego em casa de noite. Na manhã seguinte, eu os recolho de novo.

Continuou ele falando:

- O engraçado é, disse ele sorrindo, que, quando saio de manhã para recolhe-los, nunca há tantos problemas como me lembro de ter colocado na noite anterior...

Do livro 100 Estórias de vida e sabedoria de Osvino Toillier

OS CINCO MACACOS

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas.
Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. E assim, passado algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.

Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato.
Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.

Um quarto, e afinal o último dos veteranos, também foi substituído.
Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.

Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:

- Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui.

MEU LAR É UM INFERNO

O pobre homem chegara ao fundo do poço e resolveu procurar seu rabino para pedir conselhos.- Santo rabi! - clamou ele. - As coisas estão indo mal comigo, e piorando a cada momento! Somos pobres, tão pobres, que minha esposa, meus seis filhos, meus sogros e eu temos que viver num casebre de um só cômodo. Estamos sempre no caminho uns dos outros e com os nervos à flor da pele por causa de todas as nossas desgraças. Não paramos de brigar e discutir. Acredite: meu lar é um inferno e eu preferiria morrer a continuar vivendo assim!O rabino ponderou a questão gravemente.- Meu filho - disse por fim, - prometa que fará exatamente como eu lhe disser e sua condição irá melhorar.- Eu prometo, rabi - respondeu o homem atormentado. - Farei tudo e qualquer coisa que me pedir.- Diga-me, então, que animais ainda possui?- Tenho uma vaca, uma cabra e algumas galinhas.- Ótimo! Volte para sua família e coloque as galinhas dentro de casa para morar com vocês.O pobre homem ficou estupefato mas, como havia prometido ao rabino, voltou para casa e levou as galinhas para morar com a família dentro de casa.Alguns dias depois, porém, retornou ao rabino e lamentou-se:- Rabi! Fiz como você havia dito e levei as galinhas para dentro de casa. Mas o que aconteceu? Uma desgraça, rabi, uma desgraça. As coisas estão piores do que nunca! Minha vida está um verdadeiro inferno. A casa está agora cheia de penas e titica de galinha! Salva-me, rabi, salva-me, por favor!- Meu filho - respondeu o rabino com serenidade. - Não se desespere. Volte para casa e coloque a cabra dentro de casa para morar com vocês. Deus irá ajudá-lo!O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para casa e levou a cabra para dentro de casa. Mas não demorou até que voltasse correndo até o rabino.- Santo rabi! - lamuriou-se. - Ajude-me, salve-me! A cabra está destruindo tudo dentro de casa: está transformando a minha vida num pesadelo. O cheiro está insuportável e ninguém agüenta mais a sujeira.- Meu filho - condoeu-se o rabino. - Não se desespere. Deus irá ajudá-lo. Volte para casa e traga também a vaca para morar com vocês.O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para casa e levou a vaca para morar com a família dentro de casa. Logo no dia seguinte, porém, voltou desesperado ao rabino.- Rabi, rabi! Seus conselhos só estão nos trazendo desgraças! As coisas não param de piorar. A vaca transformou minha casa num curral e agora estamos vivendo de fato no meio da bosta. Como pode um ser humano dividir o seu espaço com um animal? É um inferno, rabi, um inferno!- Meu filho, você tem razão. Volte e tire todos os bichos de dentro de casa.No mesmo dia o homem correu para procurar o rabino.- Rabi, rabi! - gritou ele com o rosto resplandecente. - Minha vida voltou a ser um paraíso. A casa está limpa, sossegada e vazia como não se via há muito tempo. É um prazer viver nela.

AS DUAS JÓIAS

Narra antiga lenda árabe, que um rabino, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família.
Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabino empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?
Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha tristeza.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão. Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns minutos depois estavam ambos sentados a mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido:
- Deixe os filhos; primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou:
- O que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse! Ele vem buscá-la e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
- Ora mulher! Não estou entendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!...Por que isso agora?
- É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
- Podem até ser, mas não lhes pertence! Terá que devolvê-las.
- Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabino respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos.
- Deus os confiou a nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-las. Eles se foram...
O rabino compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram muitas lágrimas.

OBS.: Do livro "Quem tem medo da morte"

PESSOAS SÃO PRESENTES

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos, considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por um rádio e, ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local.
Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria devido aos traumatismos e à perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas, como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o sangue preciso. Reuniram as crianças e, entre gesticulações, arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo e que precisavam de um voluntário para doar o sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas, ao lado da menina agonizante, e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto.
Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas ininterrupto. Era evidente que alguma coisa estava errada.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng.
Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas e o rostinho do menino foi se aliviando. Minutos depois ele estava novamente tranqüilo.
A enfermeira então explicou aos americanos: - Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido direito o que vocês disseram e estava achando que ia ter que dar todo o seu sangue para a menina não morrer.

O médico se aproximou dele e, com a ajuda da enfermeira, perguntou: - Mas, se era assim, porque então você se ofereceu a doar sangue?
E o menino respondeu simplesmente: - Ela é minha amiga...

O RIO DA VIDA

Era uma vez um riacho de águas cristalinas, muito bonito, que serpenteava entre as montanhas. Em certo ponto de seu percurso, notou que à sua frente haviaum pântano imundo, por onde deveria passar.
Olhou, então, para Deus e protestou:
- Senhor, que castigo! Eu sou um riacho tão límpido, tão formoso, e o Senhor me obrigaa atravessar um pântano sujo como esse! Como faço agora?
Deus respondeu:
- Isso depende da sua maneira de encarar o pântano. Se ficar com medo, você vai diminuir o ritmo de seu curso,dará voltas e, inevitavelmente, acabará misturando suas águas com as do pântano, o que o tornará igual a ele. Mas, se você o enfrentar com velocidade, com força, com decisão, suas águas se espalharão sobre ele, a umidade as transformaráem gotas que formarão nuvens, e o vento levaráessas nuvens em direção ao oceano. Aí você se transformará em mar.
Assim é a vida. As pessoas engatinham nas mudanças. Quando ficam assustadas, paralisadas, pesadas, tornam-se tensase perdem a fluidez e a força. É preciso entrar pra valer nos projetos da vida,até que o rio se transforme em mar. Se uma pessoa passar a vida toda evitando sofrimento,também acabará evitando o prazer que a vida oferece. Há milhares de tesouros guardados em lugaresonde precisamos ir para descobri-los. Não procure o sofrimento. Mas, se ele fizer parte da conquista, enfrente-o e supere-o.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O EGOÍSMO DA ONÇA

Ao voltar de um exaustivo dia de caça, trazendo segura nos dentes uma pequena corça, a onça encontrou sua toca vazia. Imaginando que os filhotes estivessem nas imediações, pôs-se a procurá-los com diligência. Olhou e examinou cada canto, sem encontrá-los. Preocupada com a demora que se tornava séria, desesperou-se e tomada de pânico esgoelou-se em urro que encheram de espanto toda a floresta.
Uma anta decidiu indagar a respeito da ocorrência. Chegando junto da toca, viu a onça desatinada e então, jeitosamente, procurou saber dela sobre o que estava acontecendo.
Devoraram-me os filhotes! - gemeu a onça.
— Infames caçadores cometeram friamente o maior de todos os crimes: mataram os meus filhos...
A anta conciliadora, porém franca, não deixou que a oportunidade se passasse sem que ela dissesse à onça certas verdades que embora dolorosas, careciam ser ouvidas por ela naquele momento. Então lhe falou:
— Mas senhora onça, se analisar bem o fato, há de convir que suas acusações não procedem. Perdoe-me a franqueza, nessa hora de desespero. Respeito a sua dor, mas devo dizer-lhe que fizeram uma vez aquilo que a senhora pratica todos os dias. Não pode negar que vive sempre a comer os filhotes dos outros, não é verdade? Ainda agora acabou de abater uma pequena corsa.
Tomada de indignação, a onça regalou os olhos como que espantada pela coragem e atrevimento da anta, falando com um ódio mortal:
— Oh, estúpida criatura! É isso que você tem a dizer para consolar o meu coração ferido pela dor? Com que direito você se atreve em comparar os meus filhos com os filhotes dos outros? E como pode comparar o meu sofrimento e desolação ao dos demais? É preciso considerar primeiro a minha posição, em relação à dos outros animais, para depois pesar a situação.
Foi nesse momento que um velho macaco, bem do alto do seu galho assistia ao diálogo, falou como quem está revestido de autoridade:
— Amiga onça, é sempre assim: A dor alheia só atinge aos sensíveis, mas jamais ao egoísta...

A SABEDORIA DO REI

O pequeno príncipe chegou à região dos asteróides. Um deles era habitado por um rei. O rei sentava-se num trono simples, mas majestoso.

- Majestade... Sobre quem é que reinas? Perguntou o pequeno príncipe.

- Sobre tudo, respondeu o rei, com uma grande simplicidade.

- Sobre tudo?

O rei, com um gesto discreto, designou seu planeta, os outros, e também as estrelas.
- Sobre tudo isso?

- Sobre tudo isso... Respondeu o rei.

Pois ele não era apenas um monarca absoluto, era também um monarca universal.

- E as estrelas vos obedecem?

- Sem dúvida, disse o rei. Obedecem prontamente. Eu não tolero indisciplina.

- Eu desejava ver um pôr-do-sol... Fazei-me esse favor. Ordenai ao sol que ponha...

- Se eu ordenasse ao meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem - ele ou eu - estaria errado?

- Vós, respondeu com firmeza o principezinho.

- Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.

Do livro O pequeno príncipe de Antoine de Saint-Exupéry.

A IMAGINAÇÃO E O CONHECIMENTO

Um senhor muito rico vai à caça na África e leva consigo um cachorrinho para não se sentir tão só naquelas regiões.Um dia, já na expedição, o cachorrinho começa a brincar de caçar mariposas e quando se dá conta já está muito longe do grupo do safári. Nisso nota que uma pantera corre em sua direção. Ao perceber que a pantera irá devorá-lo, pensa rápido no que fazer.Vê uns ossos de um animal morto e se coloca a mordê-los.
Então, quando a pantera está a ponto de atacá-lo, o cachorrinho diz:
"Ah, que delícia esta pantera que acabo de comer!
A pantera para bruscamente e sai apavorada correndo do cachorrinho e vai pensando:
"Que cachorro bravo! Por pouco não come a mim também!"
Um macaco que estava trepado em uma árvore perto e que havia visto a cena sai correndo atrás da pantera para lhe contar como ela foi enganada pelo cachorro.Mas o cachorrinho percebe a manobra do macaco.O macaco alcança a pantera e lhe conta toda a história. Então, a pantera furiosa diz:
"Cachorro maldito! Vai me pagar! Agora vamos ver quem come a quem!"
"Depressa!" Disse o macaco. "Vamos alcançá-lo"
E saem correndo para buscar o cachorrinho. O cachorrinho vê que a pantera vem atrás dele de novo e desta vez traz o macaco montado em suas costas.
· "Ah, macaco! O que faço agora?" Pensou o cachorrinho.
O cachorrinho ao invés de sair correndo, fica de costas como se nãoestivesse vendo nada, e quando a pantera está a ponto de atacá-lo de novo, o cachorrinho diz:
· "Maldito Macaco preguiçoso! Faz meia hora que eu o mandei me trazer outra pantera e ele ainda não voltou!"

Resultado: a pantera devorou o macaco e deixou o cachorrinho ir em paz.

Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento.

(Albert Einstein).

O TRABALHO DE CADA UM

Era uma vez dois primos que foram criados juntos. Aprenderam a rastejar e a engatinhar juntos, mais tarde a correr, nadar, jogar bola e tudo o mais que os meninos fazem juntos.Eram amigos leais e devotados.Porém, com o tempo, foram se distanciando, como acontece até mesmo com bons amigos, ao saírem pela vida. Um deles dedicou-se aos livros; descobriu certo prazer em aprender e estudou muito, acabando por triunfar nos exames.O outro primo resolveu que os livros não eram lá tão boa companhia. Faltou muito às aulas, para continuar a nadar e jogar bola; ignorou os deveres e acabou fracassando nos exames.A sorte sorriu ao primeiro, que se tornou conselheiro do próprio rei. Osegundo primo acabou arranjando serviço de remador do navio real.Um dia, o rei e todos os conselheiros reais embarcaram para uma viagem rio acima. Sentados sob um dossel, na proa do barco, onde a brisa era mais agradável, discutiam negócios de estado enquanto o barco seguia.O remador, vendo o primo bem à vontade com a realeza, ficou muito abalado.- Olhe só aquele preguiçoso, espichado na sombra, enquanto eu fico aqui moendo os ossos ao sol - disse para si mesmo, continuando a remar. - Por que ele tem o direito de se sentar lá, e eu não? Afinal, nós dois não somos criaturas de Deus?Quanto mais pensava, mais furioso ficava.- Olhe só estes palermas , inúteis - começou a resmungar para umcompanheiro remador. - Intitulam-se conselheiros, mas só ficam à toa,jogando conversa fora. Por que é que nós temos que suar tanto para puxar as carcaças deles contra a corrente? Isso não é nada justo! Eles deviam estar aqui, remando também. Não somos todos criaturas de Deus?Aquela noite ancoraram para pernoitar. Todos comeram e dormiram logo. O remador acordou no meio da noite, com uma mão muito firme sacudindo-lhe os ombros. Era o próprio rei.- Há um barulho esquisito vindo daquela direção - disse, apontandopara a terra. - Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra.O remador pulou fora do barco e subiu correndo para o alto de um morro.Voltou poucos minutos depois.-Não é nada, Majestade - disse. - Uma gata acabou de dar à luz umaninhada de gatinhos barulhentos.-Ah, sim. - disse o rei. - que tipo de gatinhos?O remador não tinha olhado para os filhotes. Correu de novo morro acima e voltou.- Siameses - disse.- E quantos são os gatinhos? - perguntou o rei.Isso o remador também não tinha reparado. Voltou lá.- Seis gatinhos. - reportou.-Quantos machos e quantas fêmeas? - perguntou o rei.O remador correu para lá mais uma vez.- Três machos e três fêmeas - gemeu, já quase sem fôlego.-Está bem - disse o rei. - Venha comigo.Foram a pé ante pé até a proa do barco, e o rei acordou o primo do remador.-Há um barulho esquisito em cima daquele morro - disse-lhe ele. - válá e descubra o que é.O conselheiro desapareceu na escuridão e voltou pouco depois.- É uma ninhada de gatinhos recém-nascidos, Majestade - disse.- Que tipo de gatos? - perguntou o rei.-Siameses - respondeu o conselheiro.- Quantos?- Seis.- Quantos machos e quantas fêmeas?- Três machos e três fêmeas. A mãe deu à luz dentro de um barrilrevirado, logo depois de chegarmos. Os gatos pertencem ao prefeito do vilarejo. Ele espera não ter incomodado Vossa Majestade, e convida-o a escolher um deles, caso a corte precise de algum animalzinho real de estimação.O rei olhou para o remador.Eu ouvi seus resmungos, hoje cedo - disse ele. Sim, todos somoscriaturas de Deus. Mas todas as criaturas de Deus têm o seu trabalho a executar.Precisei mandá-lo quatro vezes à praia, para obter as respostas. Meuconselheiro foi uma vez só. E é por isso que ele é meu conselheiro, e você fica com os remos do barco.
"O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário"

A NATUREZA

Certa vez, na Índia, um sábio passava, com seu discípulo, à margem do rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava. Ele então correu e, com a mão, retirou o animalzinho, e o trouxe à terra firme. Naquele instante, o escorpião o picou... Dizem que é uma dor terrível... Inchou a mão do sábio.

Assim que ele o colocou no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água. E ele, com a mão já inchada, debaixo daquelas dores violentas, vai e o retira novamente.
E o discípulo a observar... Numa terceira vez que ele traz o escorpião, já com a mão bastante inchada e as dores violentas, ele o põe mais distante em terra.

Aí, o discípulo já não suporta mais aquilo, e diz: - "Mestre, eu não estou entendendo... este animal... é a terceira vezque o senhor vai retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira. O senhor deve estar sofrendo dores horríveis...”.

E ele, com a fisionomia plácida, vira-se para o discípulo e diz: - "Meu filho, por enquanto a natureza dele é de picar, mas a minha éde salvar!"

A RECOMPENSA

Há muitos anos, houve uma grande fome na Alemanha, e os pobres sofriam muito. Um homem rico, que amava crianças, chamou vinte delas e disse: -- Nesta cesta há um pão para cada um de vocês. Peguem e voltem todos os dias, até passar esta época de fome. Vou lhes dar um pão por dia.
As crianças estavam esfomeadas. Partiram para cima da cesta e brigaram pelos maiores pães. Nem se lembraram de agradecer ao homem que tiveratanta bondade com elas. Após alguns minutos de briga e avanço nos pães, todos foram embora correndo, cada um com seu pão, exceto uma menininha chamada Gretchen. Ela ficou lá sozinha, a pequena distância do homem. Então, sorrindo, ela pegou o último pão, o menor de todos, e agradeceu de coração. No dia seguinte, as crianças voltaram e se comportaram pior do que nunca. Gretchen, que não entrava nos empurrões, ficou só com um pãozinho bem fininho, nem metade do tamanho dos outros. Porém quando chegou em casa e a mãe foi cortar o pãozinho, caíram de dentro dele seis moedas bem brilhantes de prata. -- Oh, Gretchen! -- exclamou a mãe. Deve haver algum engano. Esse dinheiro não nos pertence. Corra o mais rápido que puder e devolva-o ao cavalheiro! E Gretchen correu para devolver, mas, quando deu o recado da mãe, o senhor lhe disse: -- Não foi engano nenhum. Eu mandei cozinhar as moedas no menor dos pães, para recompensar você. Lembre-se de que as pessoas que preferem se contentar com o menor pedaço, em vez de brigar pelo maior, vão encontrar muitas bênçãos bem maiores do que dinheiro dentro da comida.

VALORIZAR QUALIDADES

Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembléia.
Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças.
Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar.
A causa?
Fazia demasiado barulho; e além do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso.
Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel.
Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia reativou a discussão.
Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:
- Senhores ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes.
A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro eram preciso e exato.
Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade.
Sentiram alegria pela oportunidade de trabalharem juntos.
Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa; ao contrário, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas humanas.
É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.
Mas encontrar qualidades... Isto é para os sábios!